O papel das relações interpessoais dentro do ambiente de trabalho é fundamental. É incrível como vemos as mais diversas pessoas enfrentarem dificuldades nessa área, independentemente do cargo ou da função que exercem.
Conforme Felá Moscovici (Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. Rio de Janeiro: José Olympo, 2002.), “é preciso ensinar as pessoas a lidar com gente; e, quanto mais alto for o nível da hierarquia e responsabilidade de cada um, tanto mais imperioso será estabelecer essa habilidade”. O fato é que, embora não possamos viver sozinhos, a maioria de nós tem dificuldade para se relacionar e conviver com o outro.
A história a seguir pode nos ajudar a compreender uma preciosa lição sobre as relações interpessoais. Certo domingo, um menino foi com seu pai passear no campo. Correram e brincaram muito até que, para descansar um pouco, o garoto se dirigiu para a margem de um riacho. Ali, encontrou algo que parecia uma pedra capaz de andar. Era uma tartaruga. Examinou-a com cuidado e quando se aproximou mais o estranho animal se encolheu dentro de sua casca. Foi o que bastou.
Imediatamente, o menino achou que ela deveria sair e, tomando um pedaço de galho, começou a cutucar os orifícios que havia na carapaça. Como seus esforços eram inúteis, ele ficou impaciente e irritado. Foi quando seu pai se aproximou. Olhou por um instante o que ele estava fazendo e, em seguida, agachando-se junto ao filho, disse-lhe calmamente:
– Meu filho, você está perdendo tempo. Não vai conseguir nada, mesmo que fique um mês cutucando a tartaruga. Não é assim que se faz. Venha comigo e traga o bichinho. Ambos saíram e pararam em frente a uma fogueira. Então, o pai tornou a falar:
– Coloque a tartaruga aqui. Não muito perto do fogo. Escolha um lugar morno e agradável.
O garoto obedeceu. Dentro de alguns minutos, sob a ação do calor, a tartaruga pôs a cabeça para fora e, tranquilamente, caminhou para perto dele. O menino ficou muito satisfeito e seu pai lhe disse o seguinte:
– Filho, as pessoas podem ser comparadas às tartarugas. Ao lidar com elas, não empregue a força. O calor de um coração generoso pode, às vezes, levá-las a fazer exatamente o que queremos, sem que se aborreçam conosco, e até com satisfação e espontaneidade.
Às vezes, desejamos que as pessoas ajam de determinada maneira e buscamos que mudem de comportamento na base da agressividade verbal. Podemos, por meio desses métodos, alcançar resultados imediatos e momentâneos; mas, como tartarugas, as pessoas se fecham e criam cada vez mais dificuldades para oferecer respostas e resultados da forma como gostaríamos.
Quem está em posição de liderança, principalmente, pode correr maior risco de obter resultados dentro do prazo esperado e da maneira desejada utilizando-se de recursos que possam ferir as pessoas. Esses precisam estar ainda mais atentos, pois os resultados dependem do envolvimento de nossos liderados e não acontecem à revelia deles.
Que aprendamos com essa história a lidar com as pessoas que, como tartarugas, se refugiam em suas “cascas” quando se sentem ameaçadas ou violentadas de alguma forma. Esforcemo-nos para lidar com nossos semelhantes com respeito, atenção, cortesia, consideração e amor. Respeitando seus limites e as individualidades, veremos que, na maioria das vezes, receberemos o mesmo em troca.